Buenos Aires – Cícero, uma das mentes mais versáteis de Roma antiga disse numa das suas testilhas ao César, “- Os nomes são inoportunos ó Julio!” Romanos na Argentina? Perguntam vós, estamos a entrar no campo da ficção científica não é? Pelo contrário, digo eu, estamos em Buenos Aires e por isso é necessário mencionar nomes. Mas que nomes inquirem vós. Não são nomes, é o nome, volto eu. O nome do médico argentino que se formou em Buenos Aires, que foi motard e, ainda que pareça facécia não cumpriu o serviço militar obrigatório por inaptidão física, sim o próprio. O nome? Pois claro, Ernesto Guevara de la Serna. El Che, el Che exclamam vós, não arremato eu. “Che” é um vocativo de natureza exclamativa e não um nome próprio. Os argentinos utilizam esta expressão para quando pretendem chamar a atenção de alguém, as suas origens provêm do dialecto indígena dos Quechua. E se por ventura nas ruas desta cidade, que até está geminada com a nossa Lisboa, alguém se dirigir a vocês por “Che”, enalteçam-se, pois esta é uma forma amigável e familiar que estes hispanoablantes utilizam na sua linguagem mais próxima e informal.
A capital de Argentum, com uma população de cerca de 13 milhões de habitantes, recebeu sucessivas levas de emigrantes, especialmente espanhóis e italianos cujos descendentes mantiveram viva a ligação com o velho mundo, ainda visível na arquitectura da cidade, na sua cultura dos cafés, espalhados por toda cidade, na comida e até no modo de se vestir.
Caminhar por Buenos Aires é uma opção agradável e relativamente simples. Aparentemente, metade dos automóveis que circulam são táxis, facilmente identificados pela pintura preta com capota amarela e a grande quantidade significa também que são relativamente baratos. Mas não façam isso. A melhor forma de conhecer a cidade é com um “Porteño”, contacte os Cicerones de Buenos Aires e faça um tour gratis de mão dada a uma ONG com serviços gratuitos de orientação e cujos guias são cidadãos empenhados e voluntários. Os passeios e itinerários são planeados de acordo com os pedidos dos visitantes. É uma possibilidade de conhecer a cidade pelos olhos e memórias de alguém que vive e respira Buenos Aires desde o dia que nasceu e aproveite a oportunidade de visitar alguns lugares fora dos circuitos turísticos habituais.
Uma ida à famosa El Caminito, uma das ruas mais pitorescas da capital que faz lembrar a New Orleans mais tradicional é obrigatória. E se for fã de banda desenhada vá a San Telmo visitar a estátua da personagem a que Joaquín Salvador Lavado, Quino para os amigos, deu vida em 1964 neste bairro antigo, associado à arte, à boémia, aos antiquários, ao tango e que por fim concedeu um espaço próprio no Caminito onde “ela nasceu”, uma praça só para esta menina de oito anos que detesta sopa e macarrão, um banco de praceta para que possa dividir a sua alma infantil de quem tudo inocentemente questiona com quem queira partilhar a sua companhia. Novamente os nomes não são inoportunos. Há que citá-lo. Quem? Mafalda pois, ou para quem preferir Mafaldinha, quem não se lembra dela?
Ainda que com os seus bairros tão distintos entre si, Buenos Aires convida a quem percorra as suas ruas a continuar sempre p’ vante, transportando-os pelos diversos ambientes citadinos sem que o visitante dê mostras de desconforto devido à mudança nas áreas envolventes. Tal é o caso do Bairro da Recoleta que é provavelmente o bairro mais caro e elegante de Buenos Aires. Puerto Madero, um modelo de recuperação de áreas urbanas degradadas, o Puerto era o antigo porto da cidade, recuperado e revitalizado para abrigar agora diversos restaurantes e casas nocturnas. Palermo é o maior bairro de Buenos Aires, considerado o pulmão da cidade devido aos seus diversos parques e jardins. Palermo Chico com as suas residências elegantes, Jardim Botânico, Jardim Japonês, Zoológico e Planetário. Palermo Hollywood, esta é a parte mais trendy de Buenos Aires, com as suas ruas largas e casas antigas, esta área recebe este nome porque é onde a maioria dos estúdios de televisão e dos produtores de filmes têm seus escritórios. Palermo Soho, onde pode encontrar lojas de moda, design e diversas alternativas gastronómicas. O centro oferece também infindáveis pontos de interesses desde a Catedral, várias praças e cafés, galerias e teatros até ao mui conhecido obelisco onde os Argentinos costumam ir festejar as suas vitórias desportivas. Aproveitem bem a estadia.
Un saludo muy fuerte a todos
Contactos dos Cicerones de Buenos Aires:
contacto@cicerones.org.ar
• Tel 11 5258 0909
• Tel 11 4431 9892
ex mar “L” Armado Moreno
(L5) armo900@gmail.com
8 comentários:
Olá senhor Vieira, estou a acompanhar o blog. É uma beleza! Continue sempre a postar. Mande um beijo ENORME para Tiago Vieira, Manuel Silva e Rui Cardoso. Estou a morrer de saudade dos três. Mas também, tenho saudade dos amigos que fiz durante a estadia da Sagres no Recife. Espero que vocês voltem ao Recife (Brasil) e que fiquem para o carnaval!!!
Cuidado na vida, hein rapazes!
Beijos e Bon Voyage!
Mais uma fantástica descrição e um pouco de história, numa crónica como sempre tão agradável de ler. Muito obrigada, e boa estadia em Buenos Aires.
Alvorada surda, pois claro. É Astor Piazzolla à la calla
http://www.youtube.com/watch?v=XLVJxxq0ncU
Saludos a bordo!
Olá tio, tudo bem? Espero que sim, gostei muito do postal e das fotos que envias-te.
Já estamos em 2ºlugar na liga record, o benfica continua em 1º e o sporting ajudou-nos.
As aulas de música têm ido bem e da escola também.
Tenho SAUDADES tuas.BEIJINHOS.
"Sonha e Serás Livre de Espírito... Luta e Serás Livre na Vida. "
"Hasta la vitória, siempre!"
Ernesto "Che" Guevara de la Sern
Boa estadia por Buenos Aires.
Abraço
olá a todos.E com muit pena minha que tenho sentido este blog um pouco desatualizado. Está tudo a correr bem com os nossos bravos??
Desactualizado ??? Mas isso é normal não é? A barca tá atracada e o pessoal troca as mensagens via blog pelos telefonemas directos com os familiares, é normal não é?
Enviar um comentário