Eram 18:00 do dia 4 de Set. quando o som potente da sereia de bordo ecoa por todo o navio, estamos a passar dos 0 graus de latitude, terceira vez que transpomos a linha do Equador. No dia seguinte, mais uma vez se fez cumprir as tradições navais, pois estavam a bordo quatro intrusos, que nunca tinham ultrapassado a famosa linha do Equador. Mais uma vez a corte do Rei Neptuno subiu a bordo, mais um julgamento se iniciou, os réus foram condenados e multados, com coimas de caixas de néctar com o nome da Barca e garrafas do melhor malte de bordo.
As primeiras horas da manhã do dia 7 de Set. avistamos pela primeira vez Timor Leste, a ilha Atáuro onde permanecemos a pairar durante dois dias a fim de preparar o navio para atracar em Díli, dia 12 de Setembro, três dias antes do que estava previsto no planeamento. No dia nove, entramos no porto que serve Díli onde fundeamos durante algumas horas a fim de embarcar alguns militares Timorenses que irão navegar, durante os próximos dias a bordo da Barca, uma forma de dar a conhecer a vida a bordo de um navio da Republica Portuguesa, e poderem ganhar alguma experiencia com tão bravos e ilustres marinheiros. Depois de suspender e sair do porto, começamos a caçar pano, para desfraldar orgulhosamente as cruzes de Cristo ao vento, para espanto dos jovens militares, que momentos antes tinham embarcado. Dia dez, pela manhã aproximamo-nos do enclave Oe-Cussi, onde fundeamos e iremos permanecer até ao fim do dia.
Timor leste ocupa pouco mais de metade da ilha de Timor, incluindo o enclave de Oe-Cussi, a ilha de Ataúro e o ilhéu de Jaco, num total de cerca de 19000Km2, numa área semelhante à do Alentejo. Fica distanciado de Portugal cerca de 16000 km, 3300 de Macau, e 430 de Darwin.
Com a conquista de Malaca, em 15 de Agosto de 1511, abriram-se aos Portugueses as portas das famosas ilhas das especiarias e de Timor, e onde provinha o sândalo muito apreciado no Oriente. Não foi possível, até hoje, fixar a data nem o autor da descoberta; Timor terá sido citado pela primeira vez em 6 de Janeiro de 1514; numa carta em que Rui de Brito fala da ilha D. Manuel I. Assim é geralmente aceite que a descoberta de Timor pelos portugueses se efectuou entre 1512 e 1520, possivelmente em resultado de uma das muitas viagens dos navios portugueses por aquelas paragens.
No final do século têm inicio as lutas com os Holandeses, que disputavam a posse das ilhas das Flores e Solor e também de Timor, no mesmo arquipélago. Apesar de um tratado de tréguas assinado em Lisboa em 1641, em 1651 os Holandeses tomaram Kupang. Os problemas latentes entre Portugueses e Holandeses reacendem-se em 1818 e terminam com o tratado assinado em 1851 em que Portugal, cedeu à Holanda as ilhas de Flores e Solor, recebendo em troca o enclave de Maubara.
Entretanto em 1844, Macau e Timor passaram a constituir um governo independente da Índia, e em 1896, Timor ficou independente de Macau. Aproveitando a perturbação da implementação da Republica em 1910, os Holandeses, fizeram-se sentir de novo em Timor, incitando as populações à revolta. A Segunda Guerra Mundial teve reflexos intensos em Timor. Em 1941 um contingente de tropas Holandesas e Australianas desembarcou em Timor, ao mesmo tempo que na costa norte desembarcavam os Japoneses, com os quais desencadearam violentos combates.
Durante a ocupação que durou de Fevereiro de 1942 a Setembro de 1945, só a 13 de Setembro de 1945 as tropas Japonesas foram derrotadas. A 29 de Setembro de 1945 chegam a Timor os avisos da Armada Portuguesa; Bartolomeu Dias e Gonçalves Zarco, transportando tropas restaurando assim a soberania plena de Portugal.
Até 25 de Abril de 1974, Timor era o território mais esquecido do nosso ultramar, onde 75% da população era analfabeta.Com o golpe do 25 de Abril, o programa do MFA apresentado para Timor sustentava alguma indefinição. Em Timor aparecem as associações políticas; UDT; FRETILIN; APODETI; KOTA. Lisboa tem uma grande indefinição demasiado prolongada na política de descolonização para Timor. Na madrugada de 11 de Agosto de 1975, a UDT com alguma pressão de Jacarta e temendo eleições face às inclinações para a doutrina comunista por parte de FRETILIN, faz um golpe armado e tenta controlar o território recebendo da FRETILIN uma resposta que deu origem ao “Verão quente em Timor”.
A representação Portuguesa refugia-se na ilha de Ataúro evacuando Dili; a guerra civil avassala Timor Leste. Aproveitando a desordem no território, no dia 7 de Dezembro de 1975, forças Indonésias desembarcam em Díli apoderando-se do território.
Em 17 de Julho de 1976, o parlamento Indonésio aprovou por unanimidade Timor Leste como a 27ª província Indonésia. Perante a ONU, nunca foi reconhecido qualquer direito á Indonésia, Timor era visto como território não autónomo de jurisdição Portuguesa.
Durante estes anos a Indonésia espalhou o terror em Timor, retirando ao seu povo as suas raízes, a sua cultura e matando os seus filhos.
Timor-Leste é a mais novo estado da Ásia, proclamando-se nação no dia 20 de Maio de 2002.
4 comentários:
Olá TIO, tudo bem? Por aqui tudo na boa.
A escola começa esta segunda, estou um pouco ancioso porque vou para uma escola nova, obrigado pela a ajuda que tu e a Tia me deram para os livros.
O meu futebol já começou a semana passada, o campeonato começa em Outubro.
A música é que ainda não sei quando começa.
Eu e o meu pai não vamos ver um jogo de futebol do GLORIOSO sem ti, vamos esperar que chegues para irmos ao estádio.
Faltam semanas para os U2, ja fiz uma camisola para levar ao concerto, gostava que tambem fosses.
E estas sao as novidades por aqui, tenho muitas saudades tuas, beijinhos do teu sobrinho Pipocas e dos meus pais.
Ainda bem que chegaram bem a mais um porto,vam falar com outras pessoas o nosso querido português. Espero que a vossa estadia vos corra bem, que sirva para desanuviar um pouco os animos,pois realmente é natural a fadiga depois de tantos meses.Um grande beijo para todos principalmente para o meu filho .Manuel Silva
Obrigada pelas noticias actualizadas da Barca e toda a guarnição.Continuação de boa viagem.E...já faltou mais para o dia 23 de Dezembro:)
Desejo-vos uma boa estadia e relembro-vos que a viagem neste momento vai decrescendo,o que bem sei vos dá o ânimo necessário para que vos corra tudo pelo melhor.Um grande abraço deste que nunca vos esquece. 1º Mar/M Moreira.
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