3ª Viagem de circum-navegação (Sagres 2010)
Publicada por Filipe Vieira à(s) domingo, dezembro 26, 2010
22 De Dezembro, continua o impasse em relação ao dia e a hora de atracação, devido as condições do mar, nas melhores das hipóteses atracaremos no final da tarde de amanhã. Depois de longos meses, finalmente entrámos em águas nacionais, navegamos a sul do Algarve estando previsto dobrar o cabo de Sagres no inicio da madrugada de hoje. A adrenalina começa a fluir com a contagem decrescente para a atracação, a ansiedade é muita, pois estamos a poucas horas, do tão esperado reencontro com aqueles que mais amamos. Durante 338 dias á volta do mundo, na maior missão de sempre efectuada pelo Navio Escola Sagres, onde ostentamos orgulhosamente a cruz de Cristo por esse mundo fora, onde fomos embaixadores do bom nome de Portugal por 27 portos em três continentes, navegando 39 112 milhas (72 435 km), perfazendo 5405 horas de navegação sendo 27% feitas a vela. Está a chegar ao fim esta odisseia a volta do mundo, que seguramente foi uma experiencia única que jamais irei esquecer, ao longo destes onze meses onde foi um acumulado de memórias intensas onde faço um balanço final. O carnaval no Brasil, sem duvida um espectáculo dentro do espectáculo onde um dia quero regressar, Buenos Aires onde assisti no lendário” Bonera” o jogo do Boca Juniors-Racing, a participação na Regata Bicentenário que nos levou a locais onde nunca antes tinha estado um navio da República Portuguesa, navegamos nos canais da inóspita Patagónia onde deslumbrámos os seus gélidos glaciares, dobramos o mítico Cabo Horn estando no estremo mais a sul do mundo, San Diego o reencontro com aquela pessoa especial, um carregar de baterias para a segunda parte da viagem, cruzamos todo o Oceano Pacifico passando pelas ilhas paradisíacas do Hawai, para atracar no super organizado Japão, Dili uma agradável surpresa desta ex. colónia portuguesa, onde reencontramos a óptima gastronomia lusitana, Tailândia na cidade de Banguecoque para muitos o melhor porto de toda a viagem, por fim o Egipto local onde se fica deslumbrado com a sua historia, são estes alguns dos locais que ficam gravados na minha memória. Para mim foi com enorme prazer que ao longo destes onze meses, onde pude contar algumas das peripécias vividas a bordo da “Barca”, tentar mostrar os locais que visitávamos, por vezes com muitas dificuldades em aceder a internet (super lenta). Chega assim ao fim esta odisseia, não me vou despedir, porque não gosto de despedidas, mas deixo um “Até já…”, pois este espaço fica em aberto para todos os amantes da nossa magnifica “BARCA”, mais viagens se avizinham. Aproveito o momento, para desejar um Feliz Natal e Próspero Ano Novo a todos aqueles que ao longo destes onze meses acompanharam esta viagem com entusiasmo. ATÉ JÀ…
Que ansiedade... está quase, quase !!
Publicada por Filipe Vieira à(s) quarta-feira, dezembro 22, 2010
Sexta-feira 17 de Dezembro, numa tarde gélida a chuva cai intensamente, o vento sopra gelado de sudoeste. Começou com uma manhã ainda pior, continuamos a nossa batalha contra condições atmosféricas nada favoráveis para atingir a nossa velocidade ideal (7.8 nós) por agora, para manter a previsão de chegada a Lisboa, dia 23 ás 11:00. Para o fim, sua majestade o Rei Neptuno, está-nos a dificultar a missão, mas contra sua vontade na manhã do dia 23 de Dezembro a “Barca” entrará gloriosa no Rio Tejo, depois de 11 longos meses, a mostra o bom nome de Portugal por esse mundo fora. São agora 13:00, por nosso bombordo encontra-se a Tunísia, navegamos a uma velocidade 8.6 nós ao rumo de 315, o pessoal de quarto a manobra faz os possíveis e impossíveis para tornar o vento um aliado neste nosso objectivo em vez de um inimigo, mas não está a ser fácil.
Mas podem ter a certeza de que todos os marujos desta “Barca” estão a fazer tudo por tudo, a entregar cada força do seu corpo por tentar cumprir a data prevista para passar um Natal, junto daquelas pessoas que lhes são queridas e amadas.
Estamos em contagem decrescente.......
Publicada por Filipe Vieira à(s) quinta-feira, dezembro 16, 2010
Manhã do dia 10 de Dezembro, nasceu fria com algum vento céu nublado, os marinheiros começam acordar lentamente, a boa disposição impera nos rostos ensonados daqueles que estão a poucos dias de fazer história, 2250 são as milhas que faltam para completar a “Volta ao Mundo”. Após o pequeno-almoço, formatura geral as 08:15, onde foi comunicado que a previsão de chegada a Base Naval de Lisboa se mantinha dia 23 às 11:00, e tinha sido cancelada a atracação em Argel. Depois de preparar o navio para navegar, desmontar a iluminação de gala, arriar vergas, brecear, montar escotas, etc. o trivial de um dia de desatracação, às 09:40 soa o apito do mestre do navio, faina geral, os marujos ocupam os postos de faina. Após algum tempo de espera pelo piloto, começaram a ser recolhidas as espias uma a uma, permitindo que o navio lentamente se afaste do cais, rumo ao porto mais aguardado por todos. A ansiedade é muita, pois são onze longos meses de muita saudade daqueles que nos viram partir, naquela manhã fria de Janeiro.
Nos próximos dias iremos cruzar todo o Mar Mediterrâneo, mar que se estende desde o Oceano Atlântico, a oeste, até a Ásia, a leste e separa a Europa de África, tem um comprimento de 3700 km e abrange uma área de 2 966 000 kmo . Está ligado pelo Estreito de Gibraltar, que separa a Espanha de Marrocos, ao Oceano Atlântico. Liga-se ainda ao Mar Vermelho e ao Oceano Indico pelo Canal do Suez, a nordeste, ao Mar Negro através do Estreito dos Dardanelos, e ao mar de Marmara pelo Estreito de Bósforo. Ao Mar Mediterrâneo pertencem ainda os mares Adriático, Egeu, Jónico e o Terreno. O mar mediterrânico é mais salgado e quente que o Atlântico, e praticamente não tem marés, o que leva a acumulação de matérias tóxicas nas águas costeiras, sendo um mar densamente poluído, este problema afecta gravemente o ecossistema marítimo e também o turismo. Vivem ao longo da sua costa cerca de 100 milhões de pessoas.
Ao fim de praticamente onze meses, chegou o mau tempo, estava guardado para a última tirada. Ao entrar no mediterrâneo, e como já se previa, mar com ondulação forte por vezes atingir 8 metros de altura e vento com rajadas superiores a 100 km/h. Vento este que já provocou sérios estragos no velame do navio (pano latino). Este estado do mar não é novidade para os mais antigos, pois já navegaram em condições semelhantes e por vezes piores, ao longo da sua vida no mar, já para os mais novos é como se fosse uma espécie de baptizo de mar, o verdadeiro baptizo, pois é aqui que se vê o estofo dos que realmente merecem ser chamados de “marinheiros”, mas há previsão de melhoria de tempo para o dia de amanha, mais precisamente ao final da tarde, no entanto não devemos baixar a guarda, é que para hoje a noite prevêem-se ainda piores condições.
Fotos da nossa estadia em Alexandria / Cairo
Publicada por Filipe Vieira à(s) quinta-feira, dezembro 09, 2010Ao primeiro contacto com a bela e intrigante Alexandria fica-se deslumbrado, uma mágica metrópole, situada estrategicamente no Mediterrâneo, local de diversas culturas e raças. Uma harmoniosa mistura de Gregos, Ingleses, Franceses, Arménios, assim como Judeus, Cristãos e Muçulmanos. A história está marcada por todo lado, nas suas fachadas, palácios, os museus e monumentos de diferentes eras estão espalhados pela Alexandria terrestre, mas muito ainda se encontra escondido no seu subsolo, ou na sua própria baía. Estando em Alexandria é ponto obrigatório a visita a famosa biblioteca inaugurada em 2003 no mesmo sitio da antiga, conhecida mundialmente. A cidade ficou famosa por se tornar na Antiguidade, o centro de todo o conhecimento do homem. Mais uma lufada de história e conhecimento foi a visita ao Museu Bazar do Papiro, foi por volta de 2200 a.c. que os egípcios desenvolveram a técnica do papiro um dos mais velhos antepassados do papel. A sua gastronomia rica em sabores, uma mistura de comida Árabe e culinária mediterrânica.
Estando tão próximo da capital do Egipto o Cairo onde se situam as famosas pirâmides de Giza, não podíamos deixar de visitar, local de uma grandeza histórica estrema. Viagem efectuada de autocarro, ao longo de 3 horas. A chegada ao Cairo iniciamos a visita ao famoso Museu do Cairo, com a sua fascinante história de cinco mil anos do Egipto. Onde podemos encontra jóias a grandiosas estátuas de granito dos deuses ás dinastias faraónicas, da vida quotidiana aos rituais fúnebres, tudo o que é cultura egípcia está aqui. É neste local que está exposto a magnífica colecção do tesouro do faraó Tutankhamon, tumulo descoberto em 1922 pelo arqueólogo norte-americano Howard Carter no Vale dos Reis, em Luxur, absolutamente intacto. Depois de um magnífico almoço num restaurante, situado nas margens do Rio Nilo, onde podemos apreciar alguma da gastronomia egípcia, partimos para uma tarde em que o ponto forte era a visita ás famosas pirâmides, já se notava alguma ansiedade por tão esperado momento, mas antes fomos contemplar a Cidadela de Saladino e a Mesquita de Alabastro de Mohamed Ali, uma das mais famosas do Cairo. Deste mesmo local situado no cimo de uma colina, pode-se ter uma percepção da confusa e caótica capital do Cairo. O grande Cairo tem 22 milhões de habitantes. Finalmente o momento mais esperado da visita as pirâmides de Giza (Kuéops, Miqueiros e Kefren). Paisagem maravilhosa, é curioso que em pleno deserto (é aqui que inicia o deserto do Sara) ver o contraste das pirâmides com a cidade em pano de fundo. Foi aqui que fiz o primeiro passeio de camelo, balanço desconcertante, enquanto se contempla aquela vista maravilhosa. Já a tarde ía longa, aproximava-se a hora de regresso a Alexandria, pela frente esperava-nos três horas de autocarro, mas antes e estando no Cairo, não podíamos deixar de passar pelo célebre mercado de Khan Elkhalili, para gastar as ultimas libras egípcias (peascas para os amigos), onde caminhamos entre egípcios apressados, turistas de todos os lugares, ouvimos musicas, rezas em árabe, onde se compra tudo aquilo que podemos imaginar, e onde mais uma vez o regateio é a alma do negocio.
Segunda-feira 6 de Dezembro, aos primeiros alvores o navio já se encontra perto da entrada do porto de Alexandria, aguardando o embarque do piloto. Ao contemplar a cidade ao longe, facilmente compreendemos a sua grandeza. Cidade de Alexandria, esperada por todos e principalmente por aqueles marujos de mente aberta, e acima de tudo desejosos por conhecer tudo aquilo que é diferente do que estão habituados a conhecer. Pois são este tipo de homens com este espírito de descoberta que caracteriza o verdadeiro “Marujo Português”.
Alexandria é uma cidade do Egipto; com uma população de cerca de 4,1 milhões de pessoas, é a segunda maior cidade, e o maior porto comercial do país, servindo 80% das importações e exportações da cidade. Além disso, é um grande ponto turístico.
Alexandria estende-se por 32 quilómetros na costa mediterrânica do centro-norte do Egipto. É o local onde fica a famosa Biblioteca de Alexandria e é um importante centro industrial por causa do gás natural da cidade e dos poços de petróleo no Suez, uma outra cidade egípcia. Alexandria também foi um grande ponto de encontro entre a Europa, a África e a Ásia, pois a cidade beneficiou na ligação entre o Mar Mediterrâneo e o Mar Vermelho.
Nos tempos antigos, Alexandria foi uma das cidades mais importantes do mundo. Foi fundada em torno de um pequeno "vilarejo" em 331 a.C. por Alexandre, o Grande. Permaneceu como capital do Egipto durante mil anos, até à conquista muçulmana do Egipto, quando a capital passou a ser Futsat que foi depois incorporada no Cairo.
Alexandria era conhecida pelo Farol de Alexandria (uma das sete maravilhas do mundo antigo), pela Biblioteca de Alexandria (a maior do mundo antigo) e pelas Catacumbas de Kom el Shoqafaw (uma das sete maravilhas do mundo medieval). A arqueologia marinha em Alexandria estava em curso no porto da cidade em 1994, e tem revelado detalhes de Alexandria antes da chegada de Alexandre, quando aí existia uma cidade chamada Rhakotis, no Período Ptolemaico.
Depois de algumas horas de espera, finalmente, hoje 4 de Dez. pelas 07:00 iniciamos a travessia do Canal do Suez, embarcamos o piloto do canal e ao que parece uma equipe técnica, que na realidade mais se enquadra na categoria de comerciantes informais, e para espanto dos militares de bordo, pouco antes da formatura, quando se dirigiam para o poço vislumbraram o que podemos catalogar de “mercado semanal”, onde vendiam desde figuras características do país até telemóveis de qualidade duvidosa, integramos um comboio de 24 navios com destino ao Mar Mediterrâneo. Nos últimos dois dias tem se sentido o clima característico do deserto para a época, calor durante o dia e um frio quase extremo durante a noite, é neste período que os marinheiros que fazem quartos no exterior vestem, as já a muito tempo arrumadas roupas térmicas que foram necessárias no sul do continente americano, mas é com algum entusiasmo que desfrutamos do frio que embora no deserto, nos faz lembrar a estação do ano que se faz sentir em Portugal, já faltam menos de vinte dias para chegar a tão ansiado porto, Lisboa. Estamos a uma hora de concluir a nossa travessia de doze horas do canal do Suez, são neste momento 16:26 , e já se nota a o tempo a arrefecer, por nosso bombordo começa-se a vislumbrar a cidade de Port Said, os serviços para preparar o navio para atracar já estão concluídos.
Canal do Suez situa-se entre o Mar Mediterrâneo (Port Said) e o Mar Vermelho. O canal tem cerca de 162 km de extensão, 70 a 125 m de largura e 8 a 12 m de profundidade, tem uma capacidade para 96 navios. Divide o Egipto africano e a península do Sinai, que lhe pertence. Esta notável obra de engenharia faz parte de uma das principais rotas do comércio mundial. Em 1848 instituiu-se uma sociedade internacional para construir este canal, embora a preponderância fosse claramente francesa. As obras começaram em 1859, tendo sido inaugurado a 17 de Nov. de 1869 por Eugénia, esposa de Napoleão III, rei de França. Em 1956 foi nacionalizado pelo Egipto, causando uma onda de protestos a nível internacional. Em Junho de 1967 o canal foi ocupado por Israel na sequência de conflitos Israelo-árabes, tendo mesmo sido encerrado. Reocupado pelo Egipto em 1974, com a retirada de Israel da região do Sinai, foi reaberto. Este canal poupa a navegação entre o Indico e o Atlântico os cerca de 9000 km para a travessia do canal da Boa Esperança na África do Sul.
Hoje, 1 de Dezembro, Feriado Nacional. Foi neste mesmo dia que em 1640 se deu a restauração da independência nacional. Depois, de cruzarmos a zona conturbada do Golfo de Adem, onde se faz notar a forte presença das forças da Nato e de outras marinhas na protecção do muito tráfego marítimo existente nestas paragens. Tirada feita com muitas horas de vela, pois as condições favoráveis do vento assim o permitiram, durante a mesma, e com o navio a pairar, ao longo de duas horas aproveitamos para dar algumas braçadas nas quentes e salgadas (elevado teor sal) águas do Mar Vermelho. Chegamos a entrada do Golfo do Suez, onde permanecemos a pairar a espera do dia 2 de Dezembro, para navegarmos ao longo do Golfo do Suez e fundear no dia seguinte a entrada do CANAL do SUEZ para assim embarcar as autoridades para uma inspecção de rotina a qual é feita a todos os navios que fazem esta travessia. O calor já não se faz sentir tão ofegante, e para mal dos nossos pecados, mais uma vez navegamos em regime de água fechada, pois algum elevado consumo de água e o sistema de osmose inverso que parece tem algumas dificuldades em se adaptar as águas ricas em sal do Mar Vermelho, o que faz com que a sua produção de água doce diminua. Amanhã continuam os preparativos para a atracação de um dos portos mais aguardados pelos marujos da barca, não só por ser um dos últimos, (ficando só a faltar algumas horas em Argel), mas também pela história e cultura, já referida noutras crónicas, e a tão ansiada visita as famosas pirâmides do Egipto.
A poucos dias da tão anelada chegada a Lisboa (21 para ser mais exactos) o ambiente já se nota muito diferente, os ânimos elevam-se, onde já parece estarmos a navegar em águas nacionais, as saudades de casa e dos familiares já estão prestes a ser extintas e será com saudade que iremos recordar os mais de trezentos dias que fazem parte desta viagem que irá sem dúvida marcar a todos e cada um dos homens que navegaram cada uma das milhas, desta “ VOLTA DO MUNDO 2010”
21 De Novembro, depois de navegarmos cinco dias nesta longa tirada, 3260 milhas (6037 km) entre Goa e o nosso próximo destino Alexandria no Egipto onde está previsto atracar a 6 de Dezembro. Hoje, mais um Domingo passado a bordo da Barca, resta-nos quatro para o nosso tão ansiado regresso. As ultimas horas têm passado com alguma apreensão, pois estamos a navegar numa das zonas mais perigosas do planeta no que respeita á pirataria marítima, onde são desferidos ferozes ataques por piratas oriundos da Somália, aos navios que navegam por estas águas, no final da tarde estaremos num wait point, onde iremo-nos juntar a um grupo de navios, com a finalidade de percorrer um corredor de tráfego, criado pelas forças da Nato, para proteger os navios de tais acções, situado no Golfo Adem, entre o Iémen a norte e a sul a Somália.
Já conseguimos sentir a proximidade de terras lusas, pois os dias já são mais frescos e durante a noite o tempo arrefece ligeiramente, já estamos quase a atingir o que chamamos carinhosamente de BARREIRA DOS 30 DIAS, pois no próximo dia 23 esses serão os dias restantes desta viagem épica, épica não só para os marujos que fizeram dela um acontecimento mas também épica para própria “MARINHA DE GUERRA PORTUGUESA”. No entanto o próximo porto já é esperado com entusiasmo e ânsia pois não só é o que consideramos de ULTIMO PORTO, mas também curiosos por descobrir a carga cultural, histórica e também mítica que o caracteriza.
A vida a bordo corre como de costume, os serviços matinais inerentes a uma barca que já demonstra muitas milhas percorridas e muitos anos já de vida, mas também há tempo para o lazer, neste momento esta a decorrer mais um campeonato do nosso desporto rei, FUTCONVES, no cartaz figuram os mais variados nomes, desde os já famosos clubes lisboetas como SL BENFICA, SPORTING C.P e F.C PORTO como os mais conhecidos. Mas também temos alguns que já fazem parte da casa, GIBOIAS, BARRIGUDOS ETC.
Hoje, 16 de Novembro iniciamos uma das últimas tiradas rumo a Portugal. Durante a manhã, zarpamos do porto comercial de Mormugão. Para espanto de toda a guarnição, dezenas de embarcações, engalanadas com as cores de Portugal, com muitos dos seus tripulantes trajarem com a camisola da selecção nacional. Um ambiente festivo para a despedida desta antiga colónia Portuguesa.
Goa, mais uma agradável surpresa desta longa viagem, antiga colónia Portuguesa onde se liga o oriente com o ocidente. Durante os últimos dias de estada neste estado desta imensa Índia, de uma beleza espantosa onde tem um clima que, apesar de um pouco quente, facilmente se esquece no meio das múltiplas descobertas. As suas gentes, simples e amáveis, que falam variadas línguas, onde os habitantes mais antigos ainda falam o Português. A qualidade das suas praias, é um destino obrigatório para muitos europeus, essencialmente ingleses e russos.
Ao longo dos quatro dias de permanência por estas paragens, onde se aproveitou para visitar Vasco da Gama, terra que honra esse grande navegador alentejano de Sines que descobriu á cinco séculos o caminho marítimo para Índia. Panjim capital do estado de Goa, situada na margem esquerda do Rio Mandovi, uma pequena cidade que possui o charme das vilas portuguesas com as suas janelas e telhados tão característicos, onde se destaca a Igreja da Imaculada Conceição com a sua escadaria em ziguezague, a fazer lembrar o Bom Jesus em Braga. Nos seus restaurantes pode-se apreciar a sua excelente gastronomia, muito condimentada, também se pode encontra alguns restaurantes com a óptima gastronomia portuguesa. Panjim um sítio onde a história ainda continua a falar, em qualquer recanto, em Português. Não podíamos deixar de passar por a velha Goa onde se pode visitar a Igreja do Bom Jesus, onde se encontra o túmulo de S. Francisco Xavier, ao lado encontra-se a Sé Catedral «a maior igreja católica da Ásia» com o seu interior Barroco. Mais a norte, visitamos Mapusa com o seu mercado tradicional, onde se pode comprar de tudo principalmente as famosas especiarias, outrora transportadas pelos nossos navegadores. A salientar a particularidade de as vacas passearem tranquilamente pelas cidades e vilas e até pelas praias sem que sejam minimamente molestadas pelos seus habitantes. Na Índia, a população é maioritariamente Hindu. Esta religião venera a vaca como sendo um animal sagrado. Existem na Índia aproximadamente duzentos e cinquenta milhões de vacas, que são respeitadas e veneradas por setecentos e cinquenta milhões de pessoas de crença Hindu. Por fim tenho que falar de”Baga Beach”, estancia balnear com as suas magníficas praias, de águas quentes, a fazer lembrar o nosso Algarve.
Segunda-feira 8 De Novembro, navegamos ao rumo 335o, por nosso estibordo encontra-se a costa Indiana, a cerca de 22 milhas, faltando percorrer nesta tirada 290 milhas para chegarmos ao nosso próximo destino, Mormugão-Goa, onde está previsto atracar sexta-feira. Depois de alguns dias, onde o mar agitado, que tem provoca um balanço desconcertante, que leva a má disposição de alguns marujos, normal neste tipo de situações, a chuva também não tem dado tréguas. Hoje o bom tempo, fez a sua aparição para regozijo dos marujos que durante a tarde aproveitam o sol, para se bronzearem na famosa “praia do castelo”, durante a manhã os serviços não cessam, pois temos que aprontar a ilustre “Barca” para mais uma atracação. A viagem vai longa, o material começa a ceder, obrigando a constantes revistas aos mastros. A adrenalina começa a fluir, com o desenrolar dos últimos 45 dias finais para tão aguardado reencontro. ESTÁ PARA BREVE…Sexta-feira, por volta das 10:00h, a “Barca” atraca num dos últimos portos desta longa missão, porto comercial de Mormugão, cidade portuária, com 97 085 habitantes, o porto de Mormugão é a principal estrutura portuária do estado de Goa e um dos mais importantes da região. Goa, é um estado da Índia situa-se entre Maharashtra a norte e Karnataka a leste e sul, na costa do Mar da Arábia a cerca de 400 km a sul de Bombaim. É o menor dos estados indianos em território e o quarto menor em população, e o mais rico em PIB per capita da Índia.
A sua língua oficial é o concani, mas ainda existem pessoas neste estado que falam português, devido ao domínio de Portugal na região por mais de 400 anos. As suas principais cidades são Vasco da Gama, Panaji, Margão e Mapusa. Goa, a partir de 1510 foi a capital do Estado Português da Índia tendo sido integrada pela força na União Indiana em 1961.
As suas igrejas e conventos encontram-se classificadas como Património da Humanidade pela Unesco.
Para trás, mais uma etapa desta longa missão foi comprida, finalizamos a nossa estadia em mais um porto, Kelang- Kuala Lumpur na Malásia, largamos ontem rumo a Índia. Pela frente espera-nos catorze dias de viagem que nos vão levar a Goa. Tirada de 2100 milhas, depois cruzarmos o estreito de Malaca, entramos hoje no Oceano Indico. Oceano que banha as costas orientais de África, meridionais da Ásia e ocidentais da Austrália. O Oceano Indico, representa 20% da área total das águas marítimas terrestres. Fazem parte deste oceano, o mar Vermelho, o golfo Pérsico, o golfo de Bengala e o mar de Andaman. Abrange uma área de 75 500 000 km2 e a sua profundidade média é de 3872m. Na barca os dias sucedem-se serenamente, apesar do mar algo encrespado, nestes primeiros dias, o céu muito nublado com alguma chuva, o que dificulta as tarefas realizadas no exterior do navio. A cada dia que passa podemos notar no rosto dos marujos, que o tão aguardado dia da chegada da “Barca” a Lisboa está próximo. O tão esperado reencontro com os nossos entes queridos. No entanto ainda faltam três portos que são aguardados com alguma ânsia e curiosidade, devido as suas culturas míticas.
TIRADA DE SINGAPURA PARA KELANG-KUALA LUMPUR
Pela manhã do dia 23, zarpamos para uma das mais pequenas tiradas desta missão. Tirada de 2 dias entre a cidade estado de Singapura e Kelang, localidade portuária que serve essa grande capital da Malásia, Kuala Lumpur. Durante esta curta tirada, onde passamos por Malaca, e permanecemos fundeados algumas horas, aproveitou-se a presença em tais paragens para visitar este célebre território que esteve durante anos sob administração da Coroa Portuguesa. Ao pisar terra, os indícios de presença lusa, eram bem evidentes por toda a parte. Como a chamada Porta de Santiago, o que resta da fortaleza “A Famosa” construída pelos portugueses séculos atrás e posteriormente destruída por mãos holandesas. Ou a estátua de S. Francisco Xavier, erguida em frente às ruínas da igreja de S. Paulo, também ela construída por ordem lusitana. Durante as horas que o navio esteve fundeado, tivemos a agradável surpresa de receber a bordo o rancho folclórico local, que mantém vivas as nossas tradições por estas paragens longínquas, dançou-se, cantou-se, alguns momentos muito bem passados, que deu para alegrar a marujada. Ao fim da tarde, suspendemos e rumamos ao próximo porto, onde atracámos na manhã do dia 25 de Outubro. Eram 08:40 quando ecoa o apito do mestre, faina geral de atracação, logo no primeiro contacto visual, apercebemo-nos que não era o sítio mais favorável para atracar, ficando longe da localidade mais próxima, cerca de 20 minutos de táxi de Kelang, uma vez nesta cidade que não era nada de especial, tínhamos de apanhar um comboio para deslocarmo-nos para Kuala Lumpur, viagem de 1 hora.
Kuala Lumpur
Depois de longas duas horas de transportes, finalmente Kuala Lumpur, é a capital e a maior cidade da Malásia. A cidade propriamente, ocupa uma área de 244 quilómetros quadrados, tem uma população estimada de 1,6 milhões de habitantes. A Grande Kuala Lumpur, também conhecida como Vale Kelang, é uma aglomeração urbana com 7,2 milhões de pessoas. É a região metropolitana com o mais rápido crescimento do país, tanto em população quanto na economia, centro nevrálgico de um país moderno e eficiente, embora mantenha um traço tradicional em diversos bairros da cidade - uma espécie de meio-termo entre a festiva e libertina Tailândia, a norte, e a superorganizada e futurista cidade-estado de Singapura, a sul. Mais uma daquelas cidades que vai deixar saudades, ponto alto e ex-líbris desta cidade temos as famosas “Petronas” Construídas em 1998, com os seus 88 andares são actualmente o terceiro edifício mais alto do mundo, durante a noite completamente iluminada, é de facto uma visão assombrosa, onde se fica estupefacto e de pescoço contorcido ao admirar tamanho espectáculo. Onde se pode visitar grandes espaços comerciais como é apanágio por todas as grandes cidades da Ásia Oriental. Kuala Lumpur possui algumas pérolas espalhadas por outras artérias da cidade. Como a colorida “Little Índia” onde as vias estreitas com fragrância de jasmim, as pessoas e o próprio ambiente de feira permanentemente, oferecem uma diferente visão, num cenário que reproduz a atmosfera indiana. A caótica “Chinatown”, onde de tudo um pouco vende, com a certeza de nenhum produto ser genuíno, onde tudo se regateia, trazendo o produto por vezes por menos de metade do preço. Onde se pode visitar ainda edifícios históricos de arquitectura original, como a magnifica Sultan Abdul Samad, situada em pleno coração de Kuala Lumpur. Mais uma estrondosa capital que fica para a memória desta longa viagem.
Musica do Marinheiro
Singapura, uma agradável surpresa nesta parte final da viagem, cidade do sudoeste asiático que fez o seu nome através de um crescimento económico único. Um centro financeiro moderno com muitos arranha-céus, mas também ficamos maravilhados com a sua arquitectura colonial, uma cidade em constante evolução. Apesar da mania da grandeza, que faz com que tentem bater todos os recordes imagináveis (a maior fonte do mundo, o bar mais alto da Ásia, a maior roda gigante do mundo etc.), transformando a cidade num campo em obras. Na conversa com um local, perguntei o que vai acontecer a Singapura, quando o espaço disponível na ilha para construção de mega empreendimentos acabar? Simplesmente, derrubam o velho e constroem algo mais moderno em cima. Cidade é densamente povoada com os seus cinco milhões de habitantes vivendo na ilha, esta cidade estado, tem uma densidade demográfica de 6.814 habitantes por quilómetro quadrado, o que a faz a terceira maior do mundo. Assim se percebe o seu sistema de transportes, um dos melhores do mundo, a sua rede de metro é excelente onde podemos chegar a qualquer ponto da cidade. Com o espantoso número de 71 estações numa ilha de 710 km2, com o pormenor de existir uma linha totalmente automatizada, onde não é necessário maquinista. Uma cidade extremamente limpa e com muitos espaços verdes, daí talvez, o rigor e até a proibição, chegando ao ponto de dar multa por atirar lixo na rua, onde só se pode fumar nos locais permitidos, mascar pastilhas é banido por lei, tráfico e uso de estupefacientes dá pena de morte. Nesta cidade podemos observar um grande contraste de pessoas. Para além de alguns ocidentais frutos dos negócios e do colonialismo Inglês, temos muitos indianos, malaios e chineses, uma mistura pacífica que torna Singapura única, povo extremamente simpático e hospitaleiro, onde a comunicação é fácil pois praticamente todos falam o Inglês.
... e ao fim de cinco dias alucinantes.
Publicada por Filipe Vieira à(s) terça-feira, outubro 19, 2010Vividos a um ritmo próprio de uma cidade como é Banguecoque. Sexta-feira, dia 15 de Outubro, pelas 15:00h, começamos a largar as espias, uma a uma, chegou ao fim a nossa estadia, em mais um porto. No cais muitas pessoas, não quiseram deixar de se despedir de tão ilustres visitantes, pois nós portugueses, fomos os primeiros estrangeiros a chegar a estas paragens, em 1511, a cerca de 5 séculos atrás. Depois de largar, começamos a caçar pano, para ostentar orgulhosamente as cruzes de Cristo ao sabor do vento, para gáudio dos muitos Tailandeses que se encontravam no cais
Demos assim inicio, a mais uma tirada, esta uma das mais curtas desta longa missão, 900 milhas nos separam do próximo porto, Singapura. Voltamos a rotina diária, do “sobe larga todo o pano ferrado e desce”, “aderiças e escotas da vela de estai, bujarrona de dentro, estai da gávea”, “obras dos papa-figos” entre muitas outras ordens em faina geral de mastros. Começamos a descer o rio Chau Phraya, que nos vai levar ao golfo da Tailândia, para navegarmos durante quatro dias até a cidade de Singapura, onde está previsto atracar pelas 10h do dia 19 de Outubro, nove meses depois de termos iniciado, esta grande missão, da “Volta ao Mundo”.
República de Singapura
É uma cidade-estado insular localizada no extremo sul da península malaia, situada 137 quilómetros ao norte do equador, do sul do estado Malaio de Johor e das Ilhas Riau, no norte da Indonésia. Com 710,2 km², Singapura é um micro estado e o menor país do Sudeste Asiático. É substancialmente maior do que Mónaco e Vaticano, as outras únicas cidade-estado soberanas sobreviventes.
Antes da colonização europeia a ilha, agora conhecida como Singapura, foi o local de uma vila de pescadores malaios na foz do rio Singapura .Em 1819, a Companhia Britânica das Índias Orientais, liderada por Sir Stamford Raffles, estabeleceu uma feitoria na ilha, que foi utilizada como um porto na rota das especiarias. Singapura se tornou um dos mais importantes centros comerciais e militares do Império Britânico e centro do poder britânico no sudeste da Ásia.
Durante a Segunda Guerra Mundial, a colónia britânica foi ocupada pelos japoneses após a Batalha de Singapura, que Winston Churchill chamou de "a maior derrota da Grã-Bretanha". Singapura reverteu-se para o domínio britânico em 1945, imediatamente após a guerra. Dezoito anos depois, em 1963, a cidade, tendo alcançado a independência do Reino Unido, fundiu-se com Malaia, Sabah e Sarawak para formar Malásia. No entanto, a operação não foi bem sucedida e, dois anos depois, separou-se da Federação e tornou-se uma república independente dentro da Comunidade das Nações, em 9 de Agosto de 1965. Singapura foi admitido nas Nações Unidas em 21 de Setembro do mesmo ano.
Desde a independência, o padrão de vida de Singapura aumentou de forma drástica, Singapura é o 5º país mais rico do mundo em termos do PIB (PPC) per capita, tornou-se num dos mais importantes centros comerciais. Em 2009, a Economist Intelligence Unit classificou Singapura como a décima cidade mais cara do mundo para se viver e a terceira mais cara da Ásia, depois de Tóquio e Osaka. A população de Singapura, incluindo os não residentes, é de cerca de 5 milhões de habitantes.
A despedida, desta grande cidade que é BANGUECOQUE…
Publicada por Filipe Vieira à(s) terça-feira, outubro 19, 2010
14 De Outubro, chega ao fim a permanência nesta alucinante cidade do extremo oriente, onde é difícil descrever por palavras, pois assim como o seu nome original, a própria cidade é complexa e definitivamente única no mundo. Cidade com mil e uma atracções, destacar uma entre elas, é uma tarefa difícil, cidade que é famosa por ser agitadíssima após o pôr-do-sol. Uma metrópole gigante e cheia de maravilhosos contrastes, onde se misturam o oriente e o ocidente, ou antes vários orientes e vários ocidentes. Onde uma pessoa se perde no caos urbano e se reencontra, o seu transito caótico extremamente congestionado, e facilmente compreendemos o porque das pessoas utilizarem mascaras enquanto transitam pelas ruas, mas como disse é só uma primeira abordagem, depois de entrarmos no ambiente desta capital asiática, facilmente nos deixamos conquistar pelo seu estilo tão único de vida. Podemos até catalogar a cidade de ambígua, pois se por um lado temos a forte presença da religião Budista, liderada nada mais nada menos que pelo principal templo Budista do mundo, Templo do Buda Esmeralda (Wat Phra Keow), por outro lado onde se pode comprovar, como se mantém vivas as tradições de uma cidade que é definida por muitos, como a capital do sexo e do pecado, pela quantidade de locais dedicados a tais tradições. Mas a Tailândia não é só luxúria e perdição, também se pode conhecer locais como, “Floating Market” (mercado flutuante), pitoresco mercado que fica situado fora da cidade, cerca de 1 hora de carro, um mundo de dezenas de embarcações miúdas (um género de piroga) que baloiçam no meio de canais estreitos entre pequenas lojas em ambas as margens que vendem desde artesanato, roupa, os mais variados e conspícuos chapéus tradicionais, fruta e outros tipos de comida, uma espécie de Veneza Asiática onde tudo se regateia. E continuando na onda dos mercados, não poderia deixar de referenciar o famoso mercado “Chatuchak” onde tudo o que se pode imaginar, para venda se encontra aqui, os preços têm que ser regateados, por vezes consegue-se o produto por menos de metade do preço, que é pedido inicialmente. Estende-se por mais de 35 hectares e tem cerca de 9 000 vendedores, mais de 400 000 pessoas visitam este labirinto de mercadorias, em cada fim-de-semana, tornando-o o maior do mundo. Outro dos pontos de interesse desta maravilhosa cidade é as ruínas de “Aytthaya” cidade que foi capital do Sião, (Tailândia actual), por mais de 400 anos até cair nas mãos dos Birmaneses, representa uma época com características únicas na arte siamesa.
E claro que não podemos deixar de fazer referência ao seu caótico trânsito e,
é que embora as infra-estruturas rodoviárias estejam bem concebidas, parece que o parque automóvel cresce a cada dia que passa, e a melhor maneira para evitar este terrível mal é claro o famoso “tuk tuk” nome que recebe o característico táxi tailandês, que não é nada mais do que uma scooter, adaptada para levar 2 ou 3 passageiros, este veículo consegue não só furar as filas da cidade, mas também atingir velocidades que nos permitem chegar rapidamente a qualquer parte da cidade, claro que o seu preço como tudo em Banguecoque, tem de ser regateado…
Entre o formigueiro de orientais que concentram a atenção à nossa passagem, onde o seu olhar de curiosidade positiva e o seu sorriso de hospitalidade, e em cada dúvida cada informação solicitada, está sempre alguém pronto a expressar-se o melhor possível.
Uma cidade onde ficamos maravilhados com cada pormenor que observamos… uma das melhores cidades que visitamos… venha agora Singapura…
Ao fim de dez dias de tirada, onde cruzamos o mar de Java, o mar do sul da China e por fim o Golfo da Tailândia, e estando a cerca de 150 milhas de atracar em mais uma cidade, Banguecoque, capital da Tailândia, onde está previsto atracar amanhã, dia 9 de Novembro. Tirada que decorreu com alguma serenidade, mar calmo, temperaturas elevadas com muita humidade a mistura, a chuva por vezes a fazer-nos companhia com alguma intensidade. Tirada onde transpusemos pela quarta e ultima vez a latitude 0, desta feita do hemisfério sul para o hemisfério norte. Mares onde tem ocorrido algumas acções de pirataria, o que levou a ter que redobrar a segurança de presumíveis ataques vindos do exterior. Ao inicio da manhã do dia 09 de Out. embarcámos o piloto, que nos governou ao longo de três horas rio acima, onde atracamos na margem esquerda do rio Chau Phraya, tínhamos acabado de chegar a Banguecoque.
Banguecoque, é a capital e a maior cidade da Tailândia. Situa-se na margem esquerda do rio Chao Phraya nas proximidades do Golfo da Tailândia (ou golfo de Sião). Tem cerca de 10.061.726 milhões de habitantes. É a capital do país desde 1782.
Banguecoque é apenas uma abreviação do nome da cidade, que consta no livro dos recordes do Guinness como o maior nome de cidade do mundo: Krung Thep Mahanakhon Amon Rattanakosin Mahinthara Yuthaya Mahadilok Phop Noppharat Ratchathani Burirom Udomratchaniwet Mahasathan Amon Piman Awatan Sathit Sakkathattiya Witsanukam Prasit, possui 152 letra. Uma complexa rede de canais deu à cidade o epíteto de Veneza do leste. Ainda hoje os canais são ricos de trânsito e embarcações, habitadas como no passado, onde se têm também numerosos mercados
TAILANDIA, localizada no sudoeste asiático, sendo limítrofe, com o Laos e o Camboja, ao leste, Myanmar a Oeste, e a Malásia a sul. A Tailândia é também conhecida como Sião, que era o nome do país até meados de 1945.
Localização de Banguecoque na Tailândia
Ao passar mais um mês, e quando faltam 82 dias para o tão aguardado regresso a terras que nos viram partir para esta odisseia em volta do mundo. Hoje dia 1 de Outubro, primeiro dia da tirada rumo á Tailândia e sua capital Banguecoque, que é considerada a Veneza do Leste. Tirada de 1400 milhas (2592 km), onde está previsto atracar dia 9 de Outubro. Após 4 dias de estadia na capital da Indonésia, Jacarta, cidade que não deixa muitas saudades, com poucos locais de interesse, a cidade como um todo é suja, o seu trânsito louco e desorganizado, onde os engarrafamentos são colossais, o mar de pequenos motociclos que circulam nas suas artérias, provocando muita poluição no ar e muita poluição sonora, a sua atmosfera é irrespirável, considerada uma das cidades mais poluídas do mundo. O local de atracação, sendo um porto comercial, e longe do centro de Jacarta (cerca de 1 hora), também não ajudou. Temos de enaltecer o esforço que foi feito pela embaixada, que colocou a disposição do navio um autocarro a fim de transportar a guarnição para Jacarta e vice-versa.
Como fã incondicional da maior banda do mundo os “U2”, não poderia deixar passar a oportunidade de registar a sua passagem por Coimbra no próximo Sábado, onde iria estar presente, mas esta profissão tem destas coisas, ganha-se por um lado perde-se por, outro. Joãozinho para ti que é o teu primeiro grande concerto, desfruta desse grande momento, porque é único. Bom Concerto…
Ao cair da noite de 25 Setembro 2010
Publicada por Filipe Vieira à(s) segunda-feira, setembro 27, 2010Ao cair da noite do dia 25 de Setembro de 2010, encontramo-nos a cerca de 45 milhas do nosso próximo local de atracação, Jacarta capital da Indonésia, onde iremos atracar amanhã pelas 09:00. Durante os últimos dias onde cruzamos os mares das Flores e de Java. A chuva, finalmente fez a sua aparição, fazendo companhia praticamente todos os dias ao longo da tirada, dificultando a execução de algumas tarefas a bordo. São agora 20:00, navegamos na latitude 5 41 93 S e na longitude 107 15 60 E, ao rumo 270, á velocidade de 9.5 kn.
Jacarta é a capital e maior cidade da Indonésia. Situa-se na ilha de Java e conta com cerca de 18,2 milhões de habitantes na sua área metropolitana. Foi fundada em 1619 pelos holandeses com o nome de Batávia, junto à aldeia javanesa de Jacarta. Foi ocupada pelos ingleses entre 1811 e 1814. Tomou o nome actual em 1949.
Jacarta começou como um pequeno porto junto a um monte ao lado do rio Ciliwung no século XV. Alguns europeus falam de um povoado denominado Kalapa. Era o maior porto do reino hindu de Sonda. A primeira frota europeia foi portuguesa, e chegou à zona em 1513 com quatro navios procedentes de Malaca, em busca de uma rota para as especiarias e, em particular, pimenta. O Reino de Sonda fez um acordo de paz com Portugal para permitir que em 1522 os portugueses construíssem um porto com o objectivo de os defender contra o aumento de poder do Sultanato de Demak do centro de Java.
Jacarta fica na costa noroeste da ilha de Java, junto ao rio Coligue na baía de Jacarta, que é uma entrada do mar de Java. A parte norte de Jacarta assenta sobre uma terra plana, aproximadamente a oito metros acima do nível do mar, o que contribui para que se formem as habituais inundações. A zona sul da cidade é mais montanhosa. Há aproximadamente 13 rios que correm em Jacarta, sobretudo das partes montanhosas do sul da cidade para o norte e mar de Java. O rio mais importante é o Ciliwung, que divide a urbe em duas zonas: leste e oeste. Jacarta limita geograficamente com a província de Java Ocidental a leste e com Banten a oeste.
Inicio de manhã do dia 26 de Set. acordamos com muita chuva, previa-se uma atracação semelhante á de Xangai, um tanto ao quanto molhada. Felizmente desta vez o São Pedro está do nosso lado, a chuva parou momentos antes de atracar. Eram 09:00 locais quando passamos a primeira espia a terra, acabamos de chegar a Indonésia. Como tem sido habito, fomos recebidos por uma banda militar, algumas individualidades locais, e pelo Embaixador de Portugal em Jacarta, que no fim do dia nos recebeu na Embaixada de Portugal, onde fomos brindados com uma magnífica recepção.
Dia 18 de Set. chegou ao fim mais uma estadia, em mais uma cidade, Díli. Eram 08:40 quando o mestre apitou a faina geral, a guarnição ocupa os seus postos de faina, larga-se os cabos de amarração, e dá-se inicio a mais uma tirada. Após a nossa estadia na jovem nação de Timor, onde foram aproveitadas todas as oportunidades para recarregar baterias, para os últimos três meses de missão, onde desfrutamos das águas tépidas e suas praias de areia branca, onde saboreamos a maravilhosa gastronomia portuguesa (o famoso cozido a portuguesa, o teclado, o excelente peixe grelhado, etc.) mais parecia que estávamos algures, no nosso Portugal. Convivemos com os muitos militares portugueses, GNR, PSP, camaradas da marinha e outros lusitanos que se encontram nestas paragens nos mais variados serviços.
Dia 19 de Setembro, precisamente hoje celebramos 8 meses de viagem, 8 longos meses de saudade, saudade daqueles que nos viram partir, naquela manhã fria de Janeiro do cais Rocha Conde Óbitos em Alcântara. Domingo, primeiro dia de tirada, como é hábito, dia de alvorada surda, os marujos levantam-se aos poucos, pois o dia convida ao descanso, no exterior o sol quente, o mar esse sempre calmo, como praticamente tem sido apanágio durante toda a missão. Iniciamos mais uma tirada, de 1 150 milhas (2 129 km) que nos vai levar a Jacarta, capital do maior arquipélago do mundo (constituído por 13 677 ilhas) Indonésia, onde está previsto atracar na manhã do dia 26 de Set.
Aos primeiros alvores do dia 20 (principio de noite em Lisboa), chega a brilhante notícia via telefone, de que o glorioso vencia o rival Sporting por 2-0, finalmente uma alegria para o universo Benfiquista da Barca, pois este inicio de época não tem sido nada fácil para as cores encarnadas.
Depois de dois dias de alvorada surda, onde predominou o descanso dos guerreiros, acordamos ao som de mais uma alvora orquestrada pelo clarim do Mar. Calçoa, inicio da manhã com muita chuva, onde recuperamos a rotina diária, alguns dos serviços que ficaram pendentes do dia interior, como envergar a vela do sobre, e desenvergar o joanete a fim de ser costurado pela máquina que se encontra no paiol do mestre, manobra que requereu alguma destreza dos marujos do grande. Com o desenrolar da viagem o material começa a ceder ao desgaste do tempo, as costuras das velas começam a enfraquecer e com a força do vento.
DÍLI…
Díli situa-se na costa norte da ilha de Timor, onde é capital e simultaneamente distrito, onde é o mais pequeno e ao mesmo tempo o mais populoso de Timor Leste, com uma população de 150 000 habitantes, 20% da população do país, limita com os distritos de Manatuto a leste, Aileu a sul e Liquiça a oeste. A cidade de Díli é um centro administrativo e comercial com alguns traços portugueses, não tivesse sido uma ex. colónia. Ao longo da sua avenida marginal, onde permanece um local de comércio e lazer um destino favorito para passeios nocturnos e de fim-de-semana. A moeda oficial é o Dólar americano. O movimento desconcertante do trânsito, onde ser peão é uma aventura, as buzinas ininterruptas dos táxis em busca de potenciais clientes, cada vez que o olhar do motorista se cruza com um estrangeiro. As cores da cidade são o cinzento e o castanho, polvilhado de quando em vez por um verde opaco de algumas palmeiras e outras árvores centenárias que resistiram aos tempos de ocupação da Indonésia, quem chega de novo a cidade, estranha os imensos rios secos, onde despejam no mar o seu cascalho. As Nações Unidas permanecem no terreno, ainda com algum aparato apesar de a situação em geral estar a melhorar de dia para dia. País onde as infra-estruturas, ainda são precárias, mas o problema é que se trata de um país pobre e ainda muito jovem, mas que tem uma perspectiva de futuro próspera. País de apenas dez anos de vida, de uma nova nação, onde é um período muito curto, onde há problemas económicos sociais e estruturais. Embora a língua oficial seja o português, apenas 10% da população fala o idioma de Camões correctamente, apesar do grande esforço dos muitos professores portugueses que se encontram a leccionar por estas paragens longínquas. Esta pequena percentagem que fala português, concentra-se entre os habitantes que viveram no tempo da colónia portuguesa. Os mais jovens falam sobretudo o “tatum”, língua local que substitui o “bahasa” indonésio. Povo que viveu um dos piores massacre que a memória, massacre no cemitério de Santa Cruz, imagens que correram mundo e que jamais nos sairão da memória. A vida de um povo de guerrilheiros que sempre lutaram pela independência do país que amavam. Um olhar para um passado recente de muita dor e sofrimento, para todo este povo, aqui vai a minha sentida homenagem. VIVA TIMOR-LESTE…